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Criação de Mentalidade na Infantaria Mecanizada – Foco na Segurança

Fabiano Dall'Asta Rigo – Cap Inf Adj Seç Doutrina do CIBlind
Ádamo Luiz Colombo da Silveira – TC Comandante do CIBlind


A criação da 15ª Bda Inf Mec põe em prática a modernização da infantaria motorizada, surgindo uma nova natureza de tropa ainda desconhecida no Brasil, a Infantaria Mecanizada. Esta transformação não é somente a inclusão de um novo Produto de Defesa (PRODE), mas contempla uma gama de assuntos doutrinários que devem ser ajustados à nova natureza.

Dentre eles, a segurança na instrução, que sempre foi alvo de preocupação para os comandantes em todos os níveis e em qualquer tipo de tropa, ganha ainda mais importância tendo em vista os novos equipamentos adquiridos, em especial as Viaturas Blindadas de Transporte de Tropa Média sobre Rodas (VBTP-MR) 6×6 Guarani.

Os Cadernos de Instrução CI 32/1- Prevenção de Acidentes na Instrução, CI 32/2- Gerenciamento de risco aplicado às atividades militares e a Diretriz de Blindados do Comando Militar do Sul (CMS), para citar os documentos mais importantes, balizam os comandantes em como conduzirem sua tropa para evitar acidentes com seus meios blindados, que devido ao grande peso e tamanho tendem sempre a ser graves.

Entretanto, não basta o conhecimento da legislação por parte dos comandantes para que os acidentes não aconteçam. É importante que seja realizado um trabalho de conscientização, passando pelos oficiais e praças que trabalhem diretamente com os blindados, para que as ações de segurança tornemse uma rotina normal no meio da infantaria mecanizada.

Um fator que deve ser levado em consideração é a inexperiência da maioria dos motoristas, comandantes de carro, atiradores e mecânicos. Ela deve ser compensada com treinamento bem conduzido pelas Seções de Instrução de Blindados de cada Organização Militar (OM).

A normatização de processos simples dentro das OM, como a obrigatoriedade da utilização da Lista de Procedimentos sempre que os blindados estiverem em uso, além da adoção de normas internas que se adéquem a realidade de cada OM, são outras formas de compensar tal inexperiência.

A fiscalização torna-se um fator preponderante com relação a segurança. Não cabe somente ao Oficial de Prevenção de Acidentes da Unidade esse trabalho. O Oficial é, sim, o responsável por definir, junto ao Cmt, as diretrizes que a OM deve seguir e divulgar qualquer mudança das “regras de segurança”.

Porém, em uma unidade blindada ou mecanizada, todos são responsáveis pela segurança, e os comandantes devem atuar permanentemente fiscalizando para que carros não andem sem balizamento, motoristas não deixem de usar equipamentos de proteção individual, só para citar alguns exemplos.

O conhecimento das normas por parte de todos e a fiscalização são fatores que podem ajudar a evitar que os acidentes aconteçam. No entanto, a criação de uma mentalidade é trabalho mais eficaz, cansativo, porém necessário. Como criar essa mentalidade?

Seguem algumas ideias:

– Empregar dos blindados sempre de forma profissional, encarando qualquer emprego como “missão real”; – Encarar todo o uso do blindado com uma situação real de risco e uma possibilidade de adestramento;

– Exigir que as guarnições utilizem sempre os equipamentos de proteção individual adequados (capacete, óculos de proteção, luvas), mesmo em deslocamentos curtos ou administrativos;

– Não permitir que os motoristas fiquem um tempo excessivo sem dirigir os carros, prevendo reciclagens caso isso ocorra;

– Fazer inspeções inopinadas, onde seja cobrado dos usuários o conhecimento das normas de segurança estabelecidas pelo Oficial de Prevenção de Acidentes, além do conhecimento de todos os sistemas da viatura em uso;

– Realizar instruções de conscientização, principalmente para os motoristas e comandantes de carro;

– Explorar, de forma positiva, os acidentes já ocorridos com blindados, procurando tirar ensinamentos;

– Orientar e punir, se for o caso, os militares que desrespeitarem as normas de segurança; e

– Elogiar, em formaturas ou instruções centralizadas, militares que desenvolverem boas práticas que auxiliem na prevenção de acidentes.

Cabe ressaltar, que o militar que está operando os meios blindados é o nosso “bem” mais valioso e todos os esforços para manter sua integridade física e moral devem ser realizados. Este artigo não pretende esgotar o assunto, mas apenas servir como mais uma fonte que ajude aos comandantes a criarem essa mentalidade em sua OM.

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